A cada passada pela rua descalça
Imagino um a um
Os passos que se cruzam
A cada encostar dos pés no chão
Eu sou a “instalação dadá”
naquele museu de arte contemporânea
Onde a cada gota d’água
Que janela adentra e molha
Leva consigo tudo o que esqueci de expor
O trem que eu perdi
As fotos que rasguei
O relógio cujo o tempo derreteu
Os discos que não escuto mais
Olhe para este caminho
E veja para onde ele nos levou
Uma vida inteira
E somente agora pude te encontrar
São telas diversas
A mão, a rosa, o sonho
Um corpo índigo sob sopros vários
Onde tudo se confunde
Esta noite olhando nos seus olhos
Pude perceber cada passada do pincel
Sob a tela antes crua
Onde o tempo do céu hoje não é mais cinza