segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Tempo de Chuva

Vem, amor! 
Te empresto a sacola!
Vamos rodar o mundo! 
Não deixe passar nada! 

Vem, amor!
Hoje não quero saber de mais nada.
Meu corpo só quer caminhar
E a trilha é muito longa.

Vem, amor! 
Não espere aí sentado o tempo voltar a brilhar
Me leve para chuva e me faça esquecer de tudo.
Só não me deixe longe de você!



sábado, 3 de maio de 2014

Improbabilidades

Tente prender a respiração por um tempo indeterminado! Mesmo que você consiga ficar sem respirar, o seu instinto ou vontade de viver o força a voltar a colocar ar no pulmões;  a nossa mente envia a mensagem, nosso corpo reage impulsionando o que deve ser realmente feito.  Do mesmo modo, quando algo tem que acontecer, todas as coisas do Universo reagem em uma mesma sintonia favorecendo determinado evento. E, desta forma, pergunto: devo acreditar em destino? O mundo é feito de improbabilidades e nós somos fruto disso. Vivemos em um planeta que vive do acaso e tudo que sentimos e fazemos é reflexo dessa primeira improbabilidade: a nossa existência. Por isso, acredito que tudo acontece em um determinado momento e local determinado pelas forças que regem essas condições. Mas sendo estas uma condição de improbabilidade, tudo que a circunda tem efeito sobre ela. Assim, o qualquer bater de asas de uma borboleta pode modificar as condições; o que me faz pensar que para que tudo reaja de modo favorável, as condições de vida devem estar em equilíbrio com o meio que o cerca, tornando possível o estado de "Conspiração do Universo".
A realidade é um estado de consciência ou algo que existe em nossos pensamentos? A que distância está o sentir e a razão?

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Um Poema pra Você

Naquela noite que te conheci, 
Eu podia ter pego um outro 'bonde', 
Mas era o seu a me esperar na 'estação'.
E entre tanta gente, era você ao meu lado.
E entre tanta conversa, 
E tanta loucura em comum, 
Ao meu lado assim ficou...
Naquele dia, tudo poderia não ser.
Como quem entra em um abismo 
[assim eu me sentia
Mas você foi me tirando dali 
E me mostrando que eu poderia sentir
Naquele mês de julho, 
Entre pores de sol no mirante 
E beijos roubados na despedida
Nosso amor aconteceu...

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Revoada

Ontem eu era uma velha
Escutando discos de vinil
Em minha vitrola
Sentada na estrada
Onde não existiam sopros de vento
E onde norte-sul não podiam ser alcançados
Hoje eu me encorajo
Deixo as memórias guardadas no livro de lembranças
Coloco as fotografias na estante
E levanto – sem muletas – da minha cadeira de balanço

Bienal

A cada passada pela rua descalça
Imagino um a um
Os passos que se cruzam
A cada encostar dos pés no chão

Eu sou a “instalação dadá” naquele museu de arte contemporânea
Onde a cada gota d’água
Que janela adentra e molha
Leva consigo tudo o que esqueci de expor

O trem que eu perdi
As fotos que rasguei
O relógio cujo o tempo derreteu
Os discos que não escuto mais

Olhe para este caminho
E veja para onde ele nos levou
Uma vida inteira
E somente agora pude te encontrar

São telas diversas
A mão, a rosa, o sonho
Um corpo índigo sob sopros vários
Onde tudo se confunde

Esta noite olhando nos seus olhos
Pude perceber cada passada do pincel
Sob a tela antes crua
Onde o tempo do céu hoje não é mais cinza